Meu avô, Antonio Penha (17/4/1894-26/6/1987), era (e é) meu ídolo. Por isso, tenho muitos textos sobre ele. Neste ano, resolvi homenageá-lo na data do seu aniversário com uma reminiscência -- uma carta que escrevi pra ele quando completou 85 anos. O autor da foto é o meu saudoso pai, Helio Ferreira Lopes (1924-2013), um exímio fotógrafo amador.
Eu hoje estava observando uma fotografia antiga que trago sempre comigo. Ela já tem pelo menos 17 anos; nela, estamos Regina Celia, Dilma e eu no seu colo, vô, pequenininha, carrancuda, quase que do mesmo tamanho da sua mão. Fiquei olhando fixamente para a sua imagem, e notei que ela não mudou nada. Ou quase nada. Talvez algumas rugas a mais, a barriga cresceu um pouquinho, mas no todo, continua o mesmo Antonio Penha de quando nasci.
E eu venho observando o seu jeito durante todos estes anos... Fazendo ginástica de manhã cedo, fazendo a política da boa vizinhança, não se importando muito com as adversidades, aparentando muito menos que sua verdadeira idade, espantando os jovens com sua disposição.
E assim o senhor chegou aos oitenta e cinco anos bem vividos, vovô, anos que, eu espero, se prolonguem no mínimo até cem, sempre desse jeito, pois (já me disseram) o senhor não muda.
Feliz aniversário, vô, aproveite bem o champanha de hoje, veja ainda a vida como o borbulhar dessa bebida: refrescante, alegre, doce-levemente acre. A vida pode ser assim quando se quer, e eu sei que o senhor quer.
Era isto que eu, no papel de neta caçula, gostaria de lhe dizer.
Parabéns, meu avô querido!
Rio de Janeiro, 22 de abril de 1979.
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