Ça y est, mes amis! Abaixo, possivelmente a minha última crônica da Europa, já que viajo de volta pro Rio à tarde.
Eliane Bonotto, hoje fomos ao Museu Pergamon. Andamos até lá daqui do Gat Point Charlie e tiramos fotos no Rio Spree, onde também vimos um casal recém-casado tirando fotos. Porém, como já tínhamos passado em lojas e já era mais de 13:00h, resolvemos almoçar antes. O Reginaldo avistou um restaurante que parecia simpático na esquina antes de chegar ao museu e ele tinha toda a razão. Anotei o nome do restaurante e o do meu prato, mas estou aqui no saguão com uma bolsa diferente (cheguei há pouco do jantar) e os nomes não estão comigo. Acho que o nome do restaurante, de culinária tipicamente alemã, é Historiche Gesellschaft (salvo algum erro de grafia); ele fica no porão de um prédio bonito. Optamos por refeições light, de modo que comi o que aparentava ser hambúrguer com salada de batatas. O bartender me deu as receitas depois que lhe falei que a culinária americana é essencialmente alemã, só que sem nenhum tempero. Ele era de Hamburgo e animadamente nos ensinou a fazer a salada, explicando que o vinagre e o sal precisam ser cozinhados e adicionados às batatas antes do azeite, senão elas nó pegam o sal. Já ocorreu a vocês que "hambúrguer" quer dizer "de Hamburgo"? que em São Paulo eles costumavam chamar hambúrguer de "hamburguesa"? Assim como a austríaca, a cozinha alemã é perfeitamente saborosa. A nacionalidade com o maior número de descendentes nos EUA é a alemã. Daí, a pergunta que não quer calar: Quando foi que a cozinha teuto-americana perdeu o sabor?
O Portal de Ishtar, localizado no Museu Pergamon, é realmente imponente. Pegamos o aparelho de áudio e ouvimos as várias explicações sobre os demais monumentos, sarcófagos, adereços e que tais. Restringimo-nos à área da Babilônia e da Mesopotâmia. Ainda assim, o cansaço nos impediu de visitar o resto do museu. Pra mim, tinha atingido o ponto de saturação. Não é só que já fui a mais de vinte museus, igrejas e monumentos desde que cheguei na Europa há duas semanas, mas é o fato de que andei pra caramba e ainda trabalhei no congresso nesta semana. Em outras palavras, o cérebro e o corpo têm trabalhado muito e, hoje, talvez porque soubesse que já estava quase na hora de cantar pra subir, fui perdendo a capacidade de absorção. Pra vocês terem uma ideia, saímos do museu depois de duas horas e simplesmente sentamos em frente ao rio e pegamos sol. Íamos fazer um passeio de barco pelo rio, mas a guia explicou que seria em alemão; sem chance.
Voltamos pro hotel via um shopping que fica na Potsdamer Platz, onde tomei um chocolate quente e comi um bolo de framboesa delicioso. O garçom foi meio impertinente com o Reginaldo, mas depois se dirigiu a mim em portunhol e foi simpático.
Agora à noite, fomos jantar num restaurante chiquezinho no lado ocidental da cidade. Nosso garçom, a quem fiz n perguntas sobre os pratos, era de São Tomé e Príncipe e passou a falar com a gente em português depois que nos ouviu conversar entre nós. Os pratos especiais do restaurante eram todos com chanterelle, um tipo de champignon que não conhecia; adoro champignon. Então, depois de todas as minhas perguntas, acho que o garçom se exasperou e sugeriu que eu comesse uma meia-porção de carne de porco com repolho ao molho de vinho tinto, um prato alemão típico, além da sopa-creme de chanterelle. Ele disse que tinha passado muito tempo à nossa mesa e isso não era permitido aos garçons; como prova, comentou que seus colegas já haviam transitado várias vezes pela nossa mesa. Vamos combinar que esses países "arianos" são um tanto rígidos no quesito "comportamento" Lembram do comentário do garçom brasileiro em Viena?
Nós três gostamos muito do jantar; o garçom ficou feliz. Mas aí, ele anunciou que ia embora, o que fez depois de anotar nossos pedidos de expresso, chá e Grand Marnier. Em seu lugar, ficou um outro garçom, a quem pedi que tirasse uma foto de nós três pra marcar o evento do nosso último jantar em Berlim (pelo menos nesta viagem). Quando fui explicar a ele onde clicar, ele tirou a máquina da minha mão e disse, "I know". Não gostei; lembrou-me o comportamento do guia de antentem. Então, ele saiu clicando várias fotos sem avisar, até que eu falei pra ele pra parar, tanto que na última foto eu apareço com a mão estendida tipo a Wanderléia quando cantava "Por Favor, Pare Agora!". Quando ele voltou com a conta, ele perguntou se eu havia gostado das fotos. Quem pergunta quer resposta. Retruquei que ele não me ouviu e agora eu teria de deletar algumas delas, porque ficaram esquisitas. Ele pediu desculpas. Perguntei-lhe se já havia visto o filme "Blow-up". Ele disse que não. Falei que ele parecia o fotógrafo do filme na cena em que sai tirando um monte de fotos das modelos. Ele pediu desculpas de novo e afagou o meu braço. Que intimidade é essa?! E que contradição é essa? Uma hora eles não podem ficar muito tempo explicando pratos que vêm escritos em alemão e outra eles fazem carinho na gente?
Quando o garçom voltou com meu cartão, falou bem alto: "Mrs. Lopes!" Consertei-o: "Professor Doctor Penha-Lopes". Aí ele, que parecia ter 15 anos (isso é hiperbólico de minha parte, mas ele era muito novinho), perguntou se eu não era casada. Respondi com a pergunta: "Você faz muita pergunta, né?" Resumindo, a gente foi embora e ele ficou lá rindo, piscando o olho e dando tchauzinho. Nem o nosso treinamento antropológico desvenda a variação de comportamento entre o garçom de S. Tomé e o garçom-menino ou a do próprio garçom-menino com ele mesmo. Vai entender! Como escrevi ontem, talvez um livro de viagens escrito por mim devesse conter um capítulo entitulado "garçons".
Esta é a minha quinta vez na Europa, mas minha primeira vez em todos os três países por que passei. Gostaria certamente de voltar a Paris e passar mais tempo nos seus muitos parques e jardins e gostaria também de voltar a Viena pra explorar sua proximidade com Bratislava, Budapeste e Praga. Quanto à Alemanha, acho que se houver uma próxima vez quero conhecer o lado ocidental, algo que não ocorreu desta vez.
Amanhã (bom, já é hoje) vou acordar mais tarde pra ficar mais descansada pra viagem de volta, que envolve uma conexão em Paris.
Lembram de como terminavam os desenhos animados do Pernalonga? Era assim:
"THAT'S ALL, FOLKS!"
תגובות