Minha mãe, Diva Penha Lopes (27/6/1924-12/12/2023) inspirou muita gente. Como disse o nosso amigo @augustomarcelo, “A mãe de vocês foi uma guerreira, foi uma pessoa brilhante e agora está lá de cima tomando conta de vocês.... Ninguém se chama ‘Diva’ impunemente. Diva brilhou. Repito: Diva brilhou e deixou duas estrelas pra brilhar, pra continuar o brilho.”
Neta de uma mulher escravizada, Mamãe se formou na faculdade de serviço social quando a maioria dos negros brasileiros eram analfabetos. Antes de exercer a profissão, ela foi professora de artes culinárias. A foto de casamento dos meus pais que incluo mostra a mesa com o bolo e todos os quitutes, que ela mesma fez. Também incluo uma nota de adeus que as suas alunas lhe escreveram, um ano depois, quando a Mamãe estava grávida da minha irmã, @dilmapenhalopespavlidis.
Tendo recebido do seu pai, Antonio Penha (1894-1987), o amor aos livros, a Mamãe passou-o para nós; ela montou uma biblioteca pra nós antes mesmo de termos nascido! Crescemos em meio aos clássicos da literatura nacional e estrangeira, além dos nossos livros infantis. Os primeiros livros de sociologia que li eram dela.
Minha mãe também foi a pessoa que despertou em mim, quando eu tinha 11 aninhos, a ideia de fazer pós-graduação nos EUA. Na sua máquina Remington, que ela me ensinou a usar quando eu ainda estava no primário, datilografei a etnografia que fiz aos 19 anos e que me conferiu uma bolsa de estudos no exterior. Apesar da distância de tempo e espaço, permanecemos próximas durante todas as minhas décadas nos EUA.
Minha mãe viveu 99 anos. Racionalmente, sei que sou privilegiada de ter sido sua filha por tanto tempo. Porém, emocionalmente, não importa a idade dela ou a minha; já sinto falta dela como se eu fosse uma criança indefesa.
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