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  • Writer's pictureVânia Penha-Lopes

MITOS SOCIAIS LÁ E CÁ



Crônica baseada numa reflexão de 12 de dezembro de 2017 sobre desigualdade social no Brasil e nos EUA. Com a pandemia em 2020, a desigualdade só aumentou.


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É comum as sociedades humanas se basearem em mitos. O maior mito brasileiro deve ser o da democracia racial, ou a idéia de que as "raças" convivem harmonicamente e em pé de igualdade. Segundo o mito, qualquer discriminação que pessoas não-brancas sofram no Brasil se deve a desigualdades de classe, pois não existe racismo no Brasil. Evidentemente, essa falácia histórica, combatida há mais de cem anos, vem sendo cada vez mais contestada ultimamente, ante os numerosos exemplos de violência racial física e moral.


O equivalente nos EUA deve ser o mito da terra da oportunidade, ou a idéia de que é só ter iniciativa própria (i.e., trabalhar com afinco) que o indivíduo será bem sucedido, pois o país oferece todas as oportunidades para tanto; se não conseguir, a culpa é do próprio indivíduo, pois não existem obstáculos ao sucesso. A falácia dos EUA é acreditar que a meritocracia impera e que o indivíduo é responsável por tudo o que lhe acontecer. Embora essa falácia também seja histórica, foi mais convincente no pós-guerra (1950s-60s), quando os EUA eram a nação mais próspera da Terra e, portanto, atingir o sucesso socioeconômico era mais fácil -- mas nunca completo, pois o racismo dificultava milhões de vida, quiçá as ceifava.


Nas últimas décadas, a prosperidade econômica está cada vez mais fugidia para uma grande parte da população dos EUA, o que os aproxima da imagem de um país "em desenvolvimento". Por exemplo, tal qual no Rio, a quantidade de pessoas catando o que comer nas latas de lixo da Penn Station, em Nova Iorque, muitas das quais cercadas de malas e sacolas (embora não tenham pra onde ir), é de embrulhar o estômago e partir o coração.

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