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  • Writer's pictureVânia Penha-Lopes

Paris, 14 de Julho de 2012 às 13:19h

Updated: Feb 12, 2020

sobre o dia anterior


Hoje foi outro dia de intensivão, devidamente regado a chuvas torrenciais. Alias, nunca senti tanto frio num verão: nesta semana toda, fez uma minima de 13, máxima de 20 a 24 graus Celsius.


Continuando a aproveitar o passe de museu, que vencia hoje, voltei ao Marais para uma visita ao Museu de Arte e Historia do Judaísmo. Ele fica localizado no centro histórico da população parisiense judia, que existe desde o século XII. Foi uma bênção passar horas num lugar praticamente vazio, livre de barulhinhos de fotos sendo tiradas. O acervo do museu também engloba a diáspora européia e a fundação de Israel, incluindo religião e cultura, e uma seção de pintures judeus (pessoalmente, só conhecia os traços do Chagal).


De la, peguei o metrô pra Champs Elysées, pois ainda não tinha caminhado la. Hoje eu entendi o que o Marcelo Alves quis dizer com o charme de Paris com chuva. Ao avistar o Arco do Triunfo tão de pertinho, fiquei emocionada, pois me ocorreu que, ha apenas três gerações, eu era escrava e não tinha direito a ir a lugar nenhum por minha conta.


Subi os 267 degraus estreitos e elípticos que levam até o topo do Arco e não tive de pagar os nove euros, cortesia do passe de museu. Mais vistas da cidade, acrescidas do bleu-blanc-rouge que a enfeita para o 14 de Julho. A vista da Champs Elysées la de cima é qualquer coisa; a Quinta Avenida é café pequeno em comparação.


Na fila do banheiro antes de descer, uma mocinha falou algo pra mim em francês. Retruquei que não tinha entendido; talvez se ela falasse menos rápido... Ela então disse que meu francês era ótimo; claro que lhe disse que ela era muito gentil. Ela perguntou de onde eu era; ao ouvir a resposta, disse que não falava português. Perguntei-lhe se falava inglês, e ela disse que sim (tinha passado um ano na Universidade de Connecticut estudando a língua). Ela insistiu que já tinha viajado muito e ouvido muita pronuncia "de merda", mas que a minha era "superb". Agradeci-lhe muito, fiquei toda arrepiada e só não saí voando porque a quantidade considerável de pão que tenho comido me ancorou no solo.


De volta à rua, assisti a uma cerimônia militar antes de resolver comer no Restaurante George V. Escolhi um prato de frutos do mar, mas quando ele chegou, era cheio de queijo, embora ele não aparecesse no menu. O garçom gentilmente levou-o de volta sem nem reclamar. Escolhi um boeuf borgougnon delicioso e livre de queijo. Mas eis que ocorre algo que fez Paris perder pontos: Já estava degustando o meu crème brulée quando vi, com o rabo dos olhos, um camundongo ao longe. Fiz mil caras, parei de comer e contei pro garçom. Ele disse que aquele era um ratinho que aparecia de vez em quando, "o único que temos". Sei; e eu também sempre me confesso antes de tomar hostia. Bom, ainda bem que só tinha mais duas colheradas na minha sobremesa! Mas é claro que era querer demais achar que aqui não tinha primos do Mickey.


Bom, metrô de novo pra ir até o Louvre! Nem perdi tempo: fui direto perguntar onde ficava a Mona Lisa. A Sala 6 vem depois das esculturas clássicas e das pinturas renascentistas, tudo que amo. Concentrei-me nelas até chegar a "o quadro". De onde vem a atração que a gente sente por ele? Por que o consideramos tão especial? Não quis tirar foto pois sabia que não faria justiça à sua magia; preferi filma-lo. E em cinco minutos, eles anunciaram que o museu ia fechar em 15 minutos.


Voltei pra cá de ônibus pra ver Paris à noite mais uma vez. Tinha uma festa pré-14 de Julho na rua, mas a chuva tirou o nosso barato, pois pular de guarda-chuva só se for frevo.

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