Caras Leitoras e Caros Leitores,
Chega ao fim minha estada na Cidade Luz. Faltam 15 minutos para 1:00h da manhã e hoje de tarde parto pra Viena. Não posso garantir crônicas de lá porque não sei da disponibilidade de computadores e também porque vou lá a trabalho, mas vou tentar. E agora, relato a vocês como passei o 14 de Julho, a festa nacional francesa.
Acordei cedo, mas cansada. Fui buscar croissants e pão com chocolate na padaria debaixo de chuva. Depois do café da manhã, a Mema sugeriu que eu fosse ao Panteão, um mausoléu que já foi igreja.
No caminho para o ônibus, deparei-me com uma bolsa verde linda. Esta é a época das liquidações na França. A bolsa tinha sido remarcada de 30 para 20 euros. Mas aí eu vi uma bolsa vermelha igualmente linda, só que maior, por 30 euros. O que fazer? Qual comprar? O vendedor, chinês, se comunicava comigo em francês; ele sugeriu que eu levasse as duas. Retruquei que 50 euros era muito dinheiro, então ele disse que faria uma por 15 e a outra por 25 euros: "Voilà, 45 euros!" Lembrei-lhe que 15 + 25 são 40. Ele me perguntou de que forma eu pagaria. Como paguei em dinheiro, levei as duas bolsas pelo preço que queria, ou seja, pechinchei em francês! A Mema achou que foi um ótimo negócio e comentou que devo ter comprado bolsa verde por influência de conviver com ela (verde é sua cor favorita); pode ser sim.
Cheguei ao Panteão, mais uma construção imponente. Ele é dedicado aos mortos ilustres da França. Lá estão enterrados Voltaire, Dumas, Marat, Aimé Césaire e Rousseau, entre outros. Aliás, embora soubesse que eu tinha nascido no mesmo dia que Rousseau, não lembrava que este é o terceiro centenário do seu nascimento. Por isso, o Panteão esta com uma exposição sobre ele, só que concentrada na sua obra artística. Pra mim, foi uma surpresa aprender que o filósofo peripatético também era um virtuoso da música, tendo composto até balés e sugerido uma nova forma de marcar a escala musical. Havia gravações de algumas composições disponíveis para escutarmos; muito melodiosas. Rousseau também era crítico musical e a exposição continha originais seus (ele escreveu mais de 400 artigos sobre música!); sua letra precisa e bem trabalhada me lembrou a caligrafia do meu Vovô.
Dali, fui à Igreja de Santo Estêvão, pertinho, que era originalmente de Santa Genoveva, a padroeira de Paris. Aproveitei pra dar uma parada e rezar um pouco. A Mema acha que esse bairro é o local de filmagem de "Meia-noite em Paris"; achei que a escadaria onde o protagonista se encontrava com personagens de outrora era a da Igreja de Santo Estêvão.
Já eram 18h; estava louca de fome. Achei um restaurante, "L'Etoile du Berger", que é possivelmente o melhor lugar onde comi. A 16 euros, comi escargots, um steak au poivre super bem temperado e servido com umas batatas sautée que o Papai teria aprovado e, de sobremesa, sorvetes de cassis e de limão (o café e o vinho foram extra). Espero poder voltar lá um dia.
Voltei pra cá, onde a Mema me esperava pra irmos assistir aos fogos de artifício na Torre Eifell do Champs de Mars. Uma família amiga dela também foi junto. Segundo o noticiário, havia meio milhão de pessoas lá; tudo muito organizado. O espetáculo foi lindo, regado a música disco. Só que, tirando as cariocas Vânia e Mema, ninguém dançava! Ficaram em pé, duros! A única exceção foi quando tocou "YMCA", quando alguns fizeram os sinais das letras. Os franceses não sabem que é preciso mexer os quadris pra se manter saudável? Kuduro neles!
Depois dos fogos, andamos a pé pra cá. Aí rolou uma fome e a Mema foi fazer penne com atum e tomate; acabamos de jantar. Já são quase 3:00h da manhã, mas ninguém esta com sono. E eu não quero que a noite acabe, pois sinalará a minha partida. E eu não quero partir.
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