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  • Writer's pictureVânia Penha-Lopes

CHUVA LEGAL

Voltando da academia hoje de manhã, notei que meu restaurante favorito em Astória estava aberto e servindo brunch—isso porque hoje é feriado do Dia do Trabalho aqui. Então, entrei e pedi pra sentar do lado de fora, pois, embora o tempo estivesse nublado, estava quente e daqui a poucos meses ficar al fresco vai ser um luxo do qual nós moradores de Nova Iorque não poderemos desfrutar. Minha intenção era comer e depois passar na feirinha de rua que tem todo ano neste feriado e vale super a pena.

Pouquíssimo tempo depois de eu sentar, começou a chover. Um casal que estava fora tentou mudar de mesa, mas a outra também estava bem molhada, apesar do toldo que cobria todo o exterior do restaurante. Eu resolvi ficar, porque estava bem gostando do fresquinho. O outro casal resolveu ficar também.


Os três ficamos conversando. Uma garçonete nos perguntou se queríamos passar pra dentro, mas ninguém quis. Eu estava convencida de que era apenas uma chuva de verão e logo iria passar; o casal concordou comigo. Ledo engano. Choveu muito, muito! Parecia que São Pedro estava lavando o chão do Céu. Choveu tanto que até abri o guarda-chuva, pois estava ficando com frio devido à água que molhava meu braço esquerdo sem a menor cerimônia.


A um certo ponto, o casal pediu outra Bloody Mary. A mesma garçonete lhes informou que não lhes cobraria a bebida, pois estavam sendo muito legais em ficar fora (a essa altura, o restaurante estava lotado). Epa! Logo vi a oportunidade pra eu ganhar um brinde também. Enquanto isso, a gente comentava sobre a rua alagada e lamentava o prejuízo que os vendedores deviam estar tendo.


Quando a garçonete voltou, lembrei-lhe que o casal havia ganhado as bebidas. Ela disse que as nossas três refeições seriam grátis por termos sido fregueses tão legais. Ela deveria me trazer uma outra Bloody Mary também? Agradeci, mas informei-lhe que eu não agüentaria mais um drinque. “Então, o que eu posso lhe trazer?”, a gentil garçonete me perguntou. Respondi: “Que tal uma sobremesa, aquele bolo de abacaxi com cereja?” O casal e a garçonete acharam uma excelente escolha.


A essa altura do campeonato, a chuva havia praticamente parado. O casal resolveu ir embora, não sem antes me agradecer por ter ficado do lado de fora também, porque eles achavam que isso tinha contribuído para a refeição grátis deles. Pândega que sou, eu lhes disse que eu era um anjo que a chuva havia trazido e eles concordaram.

Terminei minha refeição—certamente tendo ingerido muitas mais calorias do que as que havia acabado de queimar na academia. A garçonete me agradeceu mais uma vez e eu a agradeci de volta. Como o casal, deixei uma gorjeta e vim pra casa feliz.


Eta chuvinha boa!


Originalmente publicado no Facebook em 2 de setembro de 2013.

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